A pesquisa participativa surge como um caminho promissor para impulsionar as demandas da comunidade autista. Um estudo recente investigou as atitudes e práticas de pesquisadores em relação a essa abordagem colaborativa, envolvendo tanto pessoas autistas quanto não autistas ligadas à comunidade. A pesquisa buscou compreender como a colaboração está sendo aplicada, quais os desafios enfrentados e o impacto dessa parceria no desenvolvimento de pesquisas mais relevantes e inclusivas.
O estudo utilizou uma metodologia mista, combinando questionários respondidos por 215 pesquisadores e entrevistas aprofundadas com 21 deles. Os resultados revelaram que, embora os pesquisadores reconheçam a importância da pesquisa participativa, a implementação de estratégias colaborativas ainda é relativamente baixa. Foram identificadas barreiras que dificultam a participação da comunidade em todas as etapas do processo de pesquisa, desde a definição das perguntas até a interpretação dos resultados. No entanto, as entrevistas destacaram o potencial transformador da pesquisa participativa, com relatos de impacto positivo nas decisões sobre a linguagem utilizada e na relevância dos estudos para a vida das pessoas autistas.
Um aspecto interessante da pesquisa foi a análise do uso da linguagem centrada na identidade (ex: pessoa autista) versus linguagem centrada na pessoa (ex: pessoa com autismo). Os resultados mostraram que uma parcela significativa dos pesquisadores nunca utiliza a linguagem centrada na identidade, o que demonstra a necessidade de maior conscientização e discussão sobre a importância da linguagem para a comunidade autista. Além disso, as entrevistas evidenciaram a valiosa contribuição de pesquisadores autistas, que trazem consigo tanto o conhecimento acadêmico quanto a experiência vivida, enriquecendo a pesquisa com perspectivas únicas e relevantes. Essa pesquisa oferece um panorama do cenário atual da pesquisa participativa no autismo e fornece diretrizes para sua utilização, visando promover uma ciência mais inclusiva e alinhada com as necessidades da comunidade autista.
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