Pessoas com autismo apresentam um risco maior de autolesão em comparação com indivíduos não autistas. Surpreendentemente, ainda não existem ferramentas de avaliação especificamente projetadas para identificar e entender o comportamento de autolesão nesse grupo. Uma pesquisa recente investigou a percepção de adultos autistas e profissionais da área sobre a adequação de ferramentas de avaliação de autolesão existentes.
O estudo envolveu grupos focais com adultos autistas que já se autolesionaram e com profissionais que trabalham com essa população. O objetivo era examinar suas opiniões sobre três ferramentas de avaliação de autolesão já existentes: a Ferramenta de Avaliação de Autolesão Não Suicida, o Inventário de Declarações Sobre Autolesão e o Questionário para Autolesão Não Suicida. A análise revelou que os participantes reconheceram algumas qualidades nas ferramentas, mas também apontaram limitações significativas que comprometiam sua utilidade para pessoas autistas.
As principais preocupações levantadas incluíram as demandas cognitivas das ferramentas, como complexidade, extensão e exigência de memória de trabalho e introspecção. Os participantes também observaram a falta de elementos importantes, como a consideração de comportamentos de autolesão mais amplos, suas funções subjacentes, o contexto em que ocorrem e o suporte disponível. Além disso, houve desafios na conceituação de autolesão, especialmente em relação à intencionalidade e à sobreposição com comportamentos como stimming (movimentos ou sons repetitivos). O estudo destaca a necessidade urgente de desenvolver novas ferramentas de avaliação de autolesão que sejam especificamente projetadas com e para pessoas autistas, levando em consideração as particularidades da experiência autista e abordando as limitações das ferramentas existentes. A consideração de condições coexistentes, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e deficiências intelectuais, também foi considerada crucial para uma avaliação mais precisa e um suporte mais eficaz.
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