A seletividade alimentar é uma característica comum em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e entender suas causas subjacentes é crucial para oferecer suporte adequado. Um estudo recente investigou as possíveis associações entre a seletividade alimentar e outros aspectos do fenótipo autista, como anomalias sensoriais, comportamentos desafiadores, intensidade dos sintomas autísticos e Quociente Intelectual (QI).
O estudo observacional retrospectivo envolveu 52 participantes com TEA, que foram submetidos a uma avaliação psicodiagnóstica abrangente. Essa avaliação incluiu questionários como o Short Sensory Profile, para avaliar anomalias sensoriais, o Aberrant Behaviour Checklist, para avaliar comportamentos desafiadores, e o Food Preference Inventory, para avaliar a seletividade alimentar. Os pesquisadores também investigaram a possível associação entre a seletividade alimentar, a intensidade dos sintomas autísticos e a presença ou ausência de deficiência intelectual associada. Adicionalmente, foram analisadas possíveis diferenças entre participantes do sexo feminino e masculino.
Os resultados revelaram correlações estatisticamente significativas entre a sensibilidade tátil, gustativa e olfativa e a seletividade alimentar. Essas modalidades sensoriais também se mostraram preditores de maior seletividade alimentar na análise de regressão. No entanto, não foram observadas correlações significativas entre o perfil comportamental, o quociente intelectual e a intensidade da sintomatologia autística com a seletividade alimentar. Além disso, não foram encontradas diferenças significativas com base no sexo dos participantes. Em resumo, o estudo sugere que a seletividade alimentar em indivíduos com TEA parece estar primariamente relacionada a anormalidades sensoriais, e não a outros aspectos clínicos do transtorno. A avaliação abrangente das características fenotípicas do TEA permanece fundamental para um tratamento individualizado e eficaz.
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