Um estudo recente investigou a relação entre habilidades cognitivas, funções executivas e comportamento adaptativo em crianças em idade pré-escolar, comparando crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não verbais ou minimamente verbais com seus pares com desenvolvimento típico. A pesquisa buscou entender como as habilidades cognitivas e, especialmente, as funções executivas, influenciam a capacidade de crianças com TEA de se adaptarem a diferentes situações do dia a dia.
O estudo envolveu 53 crianças com TEA e 79 crianças com desenvolvimento típico, todas na faixa etária de 3 a 6 anos. Os pesquisadores utilizaram testes padronizados para avaliar as habilidades adaptativas (Vineland Adaptive Behavior Scales), as funções executivas (Behavior Rating Inventory of Executive Functioning-Preschool Version) e a inteligência (SON-R 2½-7 intelligence test). Os resultados revelaram que as crianças com TEA apresentavam dificuldades significativas nas funções executivas, em particular na memória de trabalho, e diferenças notáveis nas habilidades cognitivas quando comparadas ao grupo de desenvolvimento típico. Além disso, foram observadas diferenças significativas em todos os domínios do comportamento adaptativo, com maior impacto na socialização e menor impacto nas habilidades da vida diária.
Um achado crucial foi que, no grupo com TEA, as funções executivas e os domínios cognitivos foram responsáveis por uma parcela considerável da variação no domínio da comunicação, com uma influência ligeiramente menor nas habilidades da vida diária e socialização. Em contrapartida, o papel significativo das habilidades cognitivas e dificuldades executivas como preditores do comportamento adaptativo no funcionamento cotidiano não foi confirmado para crianças com desenvolvimento típico. Estes resultados enfatizam a importância das funções executivas como um preditor crucial do comportamento adaptativo em crianças pré-escolares com TEA. Compreender e apoiar o desenvolvimento dessas funções pode ser fundamental para melhorar a qualidade de vida e a independência dessas crianças. Mais pesquisas são necessárias para explorar estratégias de intervenção eficazes que visem fortalecer as funções executivas e promover o desenvolvimento adaptativo em crianças com TEA.
Origem: Link