A busca incessante por uma alimentação considerada saudável, conhecida como Ortorexia Nervosa (ON), tem ganhado destaque no campo clínico devido aos padrões alimentares rígidos e ao impacto social que pode causar. Essa condição, caracterizada por uma obsessão em comer de forma “correta”, pode levar a restrições alimentares severas e consequências negativas para a saúde física e mental.
Um estudo recente investigou a relação entre a Ortorexia Nervosa, o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e traços autistas. O TPB, marcado por instabilidade emocional, impulsividade e dificuldades nos relacionamentos interpessoais, frequentemente se manifesta em conjunto com transtornos alimentares. A pesquisa sugere que traços autistas, como rigidez cognitiva e interesses restritos, podem estar subjacentes tanto à ON quanto ao TPB, especialmente em mulheres. O estudo comparou um grupo de pacientes com TPB a um grupo de controle saudável, avaliando a prevalência de tendências ortoréxicas e sua associação com traços autistas e comportamentos alimentares desordenados.
Os resultados indicaram que pacientes com TPB apresentaram escores significativamente mais altos em medidas de traços autistas e comportamentos alimentares desordenados, e escores mais baixos em medidas de tendências ortoréxicas, quando comparados ao grupo de controle. Isso sugere uma maior propensão a sintomas de ON no grupo com TPB. Além disso, a análise revelou que traços autistas foram preditores significativos de tendências ortoréxicas, indicando que a ON pode ser uma manifestação do espectro autista, particularmente em indivíduos com TPB. Essa perspectiva apoia uma nova forma de entender a ON dentro de um contexto neurodesenvolvimental, abrindo caminhos para futuras pesquisas sobre a relação entre esses transtornos e a busca por intervenções mais eficazes.
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