Crianças com neurodivergências, como autismo ou deficiência intelectual, apresentam uma vulnerabilidade maior ao trauma interpessoal, o que inclui abuso, negligência ou violência. Um estudo recente investigou as recomendações fornecidas a famílias dessas crianças por serviços especializados em um hospital infantil metropolitano em Melbourne, Austrália, buscando identificar as melhores práticas e lacunas existentes no suporte terapêutico.
A análise de 26 relatórios de avaliação revelou que menos da metade (43%) continha recomendações que visavam diretamente o trauma experimentado pela criança. A maioria (88%) oferecia sugestões indiretas, abordando outros aspectos do tratamento que normalmente beneficiam crianças neurotípicas ou neurodivergentes sem histórico de trauma. Isso inclui terapias comportamentais, suporte familiar e intervenções focadas em habilidades sociais e comunicação. A pesquisa destaca uma carência de diretrizes terapêuticas baseadas em evidências específicas para crianças neurodivergentes que sofreram trauma.
Os resultados enfatizam a necessidade urgente de desenvolver intervenções de trauma empiricamente comprovadas e adaptadas às necessidades únicas das crianças neurodivergentes. A compreensão das particularidades do processamento sensorial, comunicação e interação social nesses indivíduos é crucial para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas eficazes. Investimentos em pesquisa e treinamento profissional são essenciais para garantir que clínicos possuam as ferramentas e o conhecimento necessários para apoiar adequadamente essa população vulnerável. O estudo reforça a importância de um cuidado individualizado e sensível ao trauma para promover a cura e o bem-estar de crianças neurodivergentes.
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