A deficiência de descarboxilase de aminoácidos aromáticos (AADCd) é uma condição genética rara que afeta o desenvolvimento neurológico e motor. Caracterizada por atraso psicomotor precoce, distúrbios do movimento e disfunção autonômica, essa condição pode levar a graves deficiências neurológicas e intelectuais. Uma abordagem terapêutica promissora é a terapia gênica, que utiliza um vetor viral (AAV2) para fornecer o gene DDC funcional ao cérebro, buscando melhorar a história natural da doença.
Um estudo recente investigou a utilidade do monitoramento dos níveis de neurotransmissores no líquido cefalorraquidiano (LCR) como ferramenta para avaliar a resposta à terapia gênica em pacientes com AADCd. Os pesquisadores analisaram dados clínicos e de LCR de 30 pacientes publicados e um caso próprio, buscando correlacionar as variações metabólicas no LCR com as mudanças clínicas observadas após o tratamento. Os principais biomarcadores avaliados foram o ácido 3-O-metildopa (3-OMD), o ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA) e o ácido homovanílico (HVA), metabólitos relacionados à atividade da enzima AADC.
Os resultados do estudo revelaram que, embora os níveis de HVA (um metabólito da dopamina) tendessem a aumentar em muitos pacientes após a terapia gênica, essa variação era bastante ampla e não se correlacionava diretamente com a melhora clínica observada. Além disso, os níveis de 5-HIAA e 3-OMD, que estavam alterados antes do tratamento, não apresentaram mudanças significativas após a terapia. A conclusão do estudo sugere que, no momento, a avaliação dos metabólitos no LCR não supera o valor da observação clínica para prever os resultados da terapia gênica em pacientes com AADCd, e o monitoramento metabólico deve ser reservado para casos em que a resposta ao tratamento não é clara.
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