Profissionais de saúde que atuam em departamentos de emergência (DE) frequentemente relatam sentir falta de preparo para atender crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outros transtornos do neurodesenvolvimento (TND). Um estudo recente investigou justamente essa lacuna, buscando entender as necessidades de treinamento e a experiência clínica desses profissionais.
A pesquisa, realizada em duas fases, envolveu a aplicação de questionários e entrevistas com médicos, enfermeiros, assistentes sociais e especialistas em recreação infantil em um departamento de emergência pediátrico. Os resultados revelaram que uma minoria dos profissionais (42,5%) havia recebido treinamento específico sobre TEA/TND, embora a maioria (80%) demonstrasse interesse em participar de programas de educação continuada. Além disso, a experiência pessoal ou profissional prévia com crianças com TEA/TND pareceu influenciar positivamente a empatia e a compreensão dos desafios enfrentados por esses pacientes e suas famílias.
As entrevistas apontaram para quatro temas principais que contribuem para o desconforto dos profissionais ao lidar com essa população: a necessidade de considerar aspectos adicionais na interação com crianças e famílias com TEA/TND; a percepção do DE como um ponto de contato isolado em um sistema de saúde complexo e com recursos limitados; o reconhecimento da importância de se sentir confortável mesmo diante do desconforto; e a urgência de implementar intervenções práticas para aprimorar o atendimento. Em suma, o estudo conclui que os profissionais de emergência estão motivados a melhorar o cuidado de crianças com TEA/TND e que intervenções educacionais, combinadas com mudanças sistêmicas mais amplas, podem contribuir para preencher as lacunas identificadas.
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