A pandemia de COVID-19 impôs desafios sem precedentes aos profissionais de saúde, especialmente àqueles em posições de liderança. Um estudo recente explorou o impacto a longo prazo do esgotamento emocional em enfermeiros gestores de linha de frente, três anos após o início da pandemia. A pesquisa, realizada em um hospital universitário de nível terciário na Espanha, revelou as complexas dificuldades enfrentadas por esses profissionais.
Através de entrevistas semiestruturadas com 12 enfermeiros gestores, os pesquisadores identificaram cinco categorias principais de desafios. Entre eles, destacam-se as dificuldades gerais relacionadas ao medo e à incerteza, agravadas pelas constantes mudanças nos protocolos e no ambiente de trabalho. A disponibilidade de recursos humanos, marcada pelo alto absenteísmo e sobrecarga de trabalho, também foi um ponto crítico. Além disso, a acessibilidade a recursos materiais, com a escassez de equipamentos de proteção e suprimentos médicos, gerou dilemas éticos e tensões operacionais. A gestão com familiares de pacientes, um componente emocional significativo, exigiu o equilíbrio entre empatia e medidas de segurança em contextos de alto conflito. Por fim, a gestão emocional dos próprios gestores evidenciou um impacto emocional significativo, ressaltando a necessidade de estratégias claras para prevenir o burnout e promover a resiliência nesses papéis críticos.
As conclusões do estudo apontam para a necessidade urgente de intervenções específicas para apoiar a saúde mental dos enfermeiros gestores. O esgotamento emocional experimentado durante a pandemia não se limitou às consequências diretas da doença, mas também à complexa gestão de recursos materiais, humanos e familiares. A pesquisa enfatiza a importância do apoio psicológico, treinamento em liderança e uma melhor alocação de recursos para reduzir o risco de burnout e fortalecer um sistema de saúde mais resiliente. Investir no bem-estar desses profissionais é fundamental para garantir a qualidade do atendimento e a sustentabilidade do sistema de saúde a longo prazo. Priorizar a saúde mental dos enfermeiros gestores é essencial para o futuro da saúde.
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