Estudos recentes têm demonstrado uma crescente preocupação com a influência da nutrição materna durante a gestação e o desenvolvimento infantil, especialmente em relação a transtornos do neurodesenvolvimento como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA, diagnosticado frequentemente a partir dos dois anos de idade, manifesta-se por déficits na comunicação social e comportamentos repetitivos, indicando que suas bases patológicas podem estar presentes desde os estágios iniciais do desenvolvimento, incluindo o período gestacional.
Uma pesquisa recente investigou os efeitos de uma dieta rica em gordura durante o período perinatal em modelos animais de TEA. Utilizando camundongos BTBR, que exibem características comportamentais semelhantes às observadas em indivíduos com TEA, os pesquisadores analisaram as vocalizações ultrassônicas (USVs) emitidas pelos filhotes. As USVs são uma forma de comunicação importante em roedores jovens e podem fornecer insights sobre seu desenvolvimento neurológico e social. As fêmeas foram submetidas a diferentes dietas com níveis variados de gorduras e carboidratos desde duas semanas antes do acasalamento até o desmame dos filhotes. As vocalizações dos filhotes foram gravadas em diferentes idades e analisadas utilizando redes neurais para classificar os chamados em diferentes categorias.
Os resultados revelaram que os filhotes BTBR produziram significativamente mais chamados do que os filhotes do grupo de controle, independentemente da dieta. No entanto, a dieta rica em gordura teve um impacto maior nos camundongos BTBR, resultando em um aumento significativo no peso dos filhotes e no número total de chamados emitidos. Embora a dieta materna tenha tido apenas pequenos efeitos no uso de categorias de chamados, a análise forneceu informações valiosas sobre a duração, a frequência principal e a potência das diferentes categorias de chamados empregadas pelos filhotes BTBR e do grupo de controle. Esses achados sugerem que a dieta materna rica em gordura pode exacerbar certas características comportamentais em modelos animais de TEA, destacando a importância da nutrição materna para o desenvolvimento saudável do cérebro e comportamento social.
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