A incontinência fecal (FI) e a constipação crônica (CC) são frequentemente consideradas problemas distintos. No entanto, muitos indivíduos sofrem com ambos, uma condição agora reconhecida como incontinência fecal mista com constipação (FI-MC). Um estudo recente investigou as características clínicas e fisiopatológicas específicas da FI-MC, comparando-as com a FI isolada e com um grupo controle saudável, visando melhorar o diagnóstico e o tratamento dessa condição complexa.
A pesquisa envolveu uma análise retrospectiva de pacientes com FI, categorizados em grupos FI-MC e FI isolada, além de um grupo controle saudável. Todos os participantes responderam a questionários sobre seus hábitos intestinais e foram submetidos a exames como manometria anorretal, teste de expulsão do balão, neurofisiologia e ultrassom anal. Os resultados revelaram diferenças significativas entre os grupos. Pacientes com FI-MC relataram maior incidência de esforço excessivo, evacuação incompleta, dor, inchaço, uso de manobras digitais e enemas em comparação com o grupo FI. A pressão anal em repouso foi menor no grupo FI em relação ao FI-MC e ao grupo controle.
Além disso, o estudo identificou que a pressão de contração anal sustentada foi menor nos grupos FI-MC e FI em comparação com o grupo controle. A defecação dissinérgica, um problema de coordenação dos músculos do assoalho pélvico durante a evacuação, foi mais prevalente no grupo FI-MC. Esses achados sugerem que a FI-MC representa um fenótipo distinto de incontinência fecal, com características clínicas e fisiopatológicas únicas. A identificação desses fenótipos pode auxiliar os médicos a oferecerem tratamentos mais direcionados e eficazes para pacientes com incontinência fecal, levando em consideração a presença ou ausência de constipação crônica.
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