O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba uma variedade de condições de neurodesenvolvimento, impactando a interação social, o aprendizado e padrões de comportamento restritivos ou repetitivos. Embora as causas exatas do TEA permaneçam um mistério, pesquisadores têm identificado diversas características fisiológicas associadas, como alterações no sistema gastrointestinal e imunológico, que podem ajudar a compreender sua origem.
Um estudo recente se aprofundou na análise do fluido cefalorraquidiano (LCR) em indivíduos com TEA. O LCR desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase do ambiente neuronal e, por isso, tem sido investigado em diversas condições que afetam o sistema nervoso central. A pesquisa sistemática analisou 49 estudos publicados entre 1977 e 2025, buscando evidências que sustentem a hipótese de que o TEA altera as propriedades e a composição do LCR. Os resultados apontaram para mudanças significativas em marcadores imunológicos, proteínas, níveis de folato, ocitocina e vasopressina no LCR de pessoas com TEA, em comparação com indivíduos neurotípicos. Estas alterações abrem portas para a identificação de potenciais biomarcadores que auxiliem no diagnóstico e compreensão da progressão do TEA.
Apesar dos avanços, a pesquisa também identificou lacunas importantes na literatura científica. Variações significativas na idade e tamanho das amostras, além de um viés em relação ao sexo (predominância de participantes do sexo masculino) e idade (poucos estudos com adultos), limitam a generalização dos resultados. O estudo ressalta a necessidade de mais pesquisas focadas na análise do LCR em indivíduos com TEA, a fim de aprofundar o conhecimento sobre este transtorno complexo e identificar biomarcadores que possam contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens diagnósticas e terapêuticas. Uma melhor compreensão do papel do LCR no TEA poderá, no futuro, levar a intervenções mais eficazes e personalizadas para indivíduos com esta condição.
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