A pandemia de COVID-19 impulsionou o uso da telemedicina como uma ferramenta essencial para a prestação de serviços de saúde. No contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição neurodesenvolvimental caracterizada por desafios na comunicação social, a telemedicina surge como uma alternativa promissora para o acompanhamento e avaliação de indivíduos autistas, especialmente aqueles com fluência verbal que apresentam dificuldades na pragmática da linguagem – a capacidade de usar a linguagem e outros meios expressivos de forma eficaz em diferentes contextos.
Um estudo recente investigou a eficácia de uma ferramenta adaptada para telemedicina, o Assessment Battery for Communication (e-ABaCo), na avaliação das habilidades pragmáticas de adolescentes autistas. A pesquisa comparou o desempenho de um grupo de adolescentes avaliados por meio da telemedicina com outro grupo avaliado presencialmente, além de um grupo de controle de adolescentes com desenvolvimento típico. Os grupos foram pareados por idade, sexo e quociente intelectual, garantindo uma comparação justa e precisa dos resultados. O e-ABaCo avaliou tanto a compreensão quanto a produção da comunicação, considerando aspectos linguísticos, extralinguísticos e paralinguísticos, bem como a adequação social.
Os resultados do estudo demonstraram uma equivalência substancial no desempenho pragmático dos adolescentes autistas avaliados por telemedicina e presencialmente. Além disso, confirmando achados anteriores, o estudo revelou uma diferença significativa no desempenho entre os grupos com TEA (tanto os avaliados por telemedicina quanto os presenciais) e o grupo de controle com desenvolvimento típico em todos os aspectos pragmáticos avaliados. Esses achados sugerem que o e-ABaCo, adaptado para a modalidade online, é uma ferramenta válida e sensível para a avaliação das habilidades pragmáticas em adolescentes autistas, abrindo novas possibilidades para o acesso a serviços de avaliação e intervenção para essa população, independentemente da localização geográfica ou das restrições impostas por situações como a pandemia. A telemedicina, portanto, se consolida como um recurso valioso no cuidado e acompanhamento de pessoas com TEA, ampliando o acesso a serviços especializados e promovendo uma melhor qualidade de vida.
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