A eficácia das intervenções precoces para crianças autistas tem sido tradicionalmente avaliada com base em mudanças no desenvolvimento, como linguagem, cognição e comportamento adaptativo. No entanto, um estudo recente destaca a importância de considerar os efeitos desses apoios nos cuidadores e nas famílias, reconhecendo que o bem-estar destes desempenha um papel crucial no sucesso da intervenção.
A pesquisa, publicada no Journal of Autism and Developmental Disorders, buscou compreender as perspectivas de cuidadores primários de crianças com suspeita ou diagnóstico de autismo em relação ao valor de diferentes aspectos do apoio precoce. Através de entrevistas com 19 cuidadores, os pesquisadores identificaram temas comuns relacionados às aspirações de otimizar o bem-estar futuro de seus filhos. Um dos principais achados foi que, apesar do financiamento público para esses serviços, as famílias frequentemente enfrentam pressão em outros recursos, especialmente tempo e saúde mental, impactando negativamente o emprego e os relacionamentos familiares.
Os participantes da pesquisa demonstraram preferência por apoios que fossem adaptáveis às suas necessidades em constante mudança, que respeitassem a neurodiversidade e que fossem práticos. Eles valorizaram especialmente o apoio emocional genuíno de terapeutas e buscaram profissionais em quem pudessem confiar. Os resultados sugerem que a experiência da família ao acessar esses apoios pode ser tão importante quanto os resultados pretendidos para a criança. O estudo reforça a necessidade de uma abordagem holística que considere o impacto do autismo e das intervenções não apenas na criança, mas também em toda a sua rede de apoio.
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