Um estudo recente publicado na JAMA Psychiatry investigou a complexa relação entre maus-tratos na infância (CM), predisposição genética e transtornos psiquiátricos. A pesquisa, que analisou dados de mais de 100.000 indivíduos, revelou que crianças com uma alta pontuação de risco poligenético (PGS) para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e/ou baixo nível de escolaridade apresentam um risco significativamente maior de sofrerem CM.
Os pesquisadores descobriram que essa associação entre genética e risco de CM se mantém mesmo em indivíduos diagnosticados com outros transtornos psiquiátricos, como autismo, esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão. Especificamente, o risco absoluto de CM foi maior no quartil superior de PGS para TDAH (5,6%) em comparação com o quartil inferior (3,3%). Isso sugere que a predisposição genética para TDAH pode aumentar a vulnerabilidade a experiências adversas na infância.
Outro achado importante do estudo foi a disparidade de gênero no risco de CM. Embora não tenham sido encontradas diferenças genéticas significativas entre meninos e meninas expostos a CM, as meninas com alta PGS para TDAH apresentaram um risco substancialmente maior de maus-tratos (5,6%) em comparação com os meninos (2,0%). Além disso, o estudo reforçou a importância do histórico familiar, evidenciando que crianças com pais diagnosticados com transtornos psiquiátricos têm mais que o dobro do risco de sofrer CM (5,7%) em comparação com crianças sem esse histórico (2,5%). A pesquisa aponta para a necessidade de maior atenção a indivíduos com alto risco de CM, como meninas com alta PGS para TDAH e/ou pais com diagnóstico psiquiátrico, em todas as cinco condições psiquiátricas avaliadas.
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