A avaliação da função sensório-motora é crucial tanto na pesquisa básica quanto em diversas aplicações clínicas, e, para isso, tarefas que envolvem o tempo de reação (TR) são amplamente utilizadas. Identificar os fatores metodológicos e ambientais que influenciam o TR é fundamental para interpretar os resultados obtidos nessas tarefas, além de que, variações no TR sob diferentes condições podem desvendar novos aspectos do processamento sensório-motor.
Um estudo recente investigou como a variação na taxa de estímulos Go/NoGo afeta o tempo de reação, a atividade preparatória pré-estímulo e o processamento cognitivo pós-estímulo. Em tarefas Go/NoGo, o indivíduo deve responder a um estímulo (‘Go’) e inibir a resposta a outro (‘NoGo’). Os pesquisadores utilizaram uma versão da tarefa com um estímulo de alerta (S1) precedendo os estímulos Go e NoGo (S2) em duas taxas diferentes: uma condição ‘NoGo-Raro’ (25% NoGo/75% Go) e uma condição ‘NoGo-Frequente’ (75% NoGo/25% Go).
Durante a tarefa, foram realizadas gravações eletroencefalográficas (EEG) para monitorar a variação negativa contingente (CNV), um marcador de atividade preparatória, e os componentes NoGoN2 e NoGoP3, marcadores de processamento cognitivo. Os resultados mostraram que o tempo de reação foi significativamente menor na condição ‘NoGo-Raro’ em comparação com a condição ‘NoGo-Frequente’. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas nas amplitudes de CNV entre as condições. Em contrapartida, foram observadas diferenças significativas na amplitude e latência do NoGoN2, e na amplitude do NoGoP3, sugerindo que a taxa de estímulos Go/NoGo influencia o tempo de reação, principalmente, por meio da modulação do processamento cognitivo pós-estímulo. Esses achados contribuem para uma melhor compreensão dos mecanismos neurais envolvidos no controle inibitório e na tomada de decisões.
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