A intersecção entre autismo e transtornos alimentares (TAs) tem ganhado crescente atenção na área da saúde, revelando que indivíduos autistas apresentam uma maior prevalência de TAs e, frequentemente, piores resultados nos tratamentos convencionais. Uma pesquisa recente buscou entender melhor essa relação, priorizando a perspectiva de pessoas autistas com experiência em transtornos alimentares, utilizando metodologias de pesquisa criativas e inclusivas.
O estudo empregou o método Photovoice, que envolve a criação e discussão de imagens pelos participantes, permitindo que eles expressem suas experiências e perspectivas de forma mais acessível. Através de workshops em grupo, os participantes exploraram prioridades de pesquisa, analisando imagens e transcrições para identificar temas comuns. Essa abordagem inovadora visa dar voz àqueles que vivenciam a combinação de autismo e TAs, garantindo que suas necessidades e experiências sejam consideradas no desenvolvimento de futuras pesquisas e intervenções.
Os resultados da pesquisa revelaram cinco temas principais que destacam as prioridades de pesquisa para pessoas autistas com TAs: o impacto de experiências precoces, a função do transtorno alimentar, barreiras e facilitadores para a recuperação, a compreensão e acomodação da complexidade e a necessidade de mudança na cultura de pesquisa. Esses temas apontam para a importância de considerar a história de vida, as estratégias de regulação emocional associadas ao TA, os desafios específicos enfrentados por pessoas autistas na recuperação e a necessidade de pesquisas mais inclusivas e participativas, que promovam o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes e personalizadas. A pesquisa ressalta ainda a importância do apoio não clínico e da consideração das condições coexistentes e da intersecionalidade na abordagem do tema.
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