Inibidores de checkpoint imunológico (ICIs) representam uma abordagem terapêutica eficaz para diversas doenças malignas. No entanto, como qualquer tratamento, eles podem apresentar efeitos colaterais. Embora muitos desses efeitos sejam dermatológicos, endócrinos ou gastrointestinais, reações neurológicas, ainda que raras, podem ocorrer, afetando tanto o sistema nervoso central quanto o periférico. Em alguns casos, condições neurológicas preexistentes podem até mesmo se agravar.
Um caso clínico recente destaca uma ocorrência incomum: o desenvolvimento de síndrome do túnel do carpo (STC) bilateral em um paciente de 83 anos em tratamento adjuvante com pembrolizumabe para melanoma maligno em estágio IIIC. Após cinco ciclos de terapia, o paciente começou a apresentar dor, inchaço e parestesia (formigamento) em ambas as mãos. O diagnóstico de STC bilateral levou à implementação de terapia com pulsos de prednisolona, com redução gradual para uma dose de manutenção oral de 20 mg.
Apesar da progressão do melanoma, que exigiu a intensificação da terapia ICI para ipilimumabe/nivolumabe, a STC apresentou melhora sob o tratamento concomitante com prednisolona e fisioterapia. Este caso ressalta a importância do monitoramento cuidadoso de pacientes em tratamento com ICIs, mesmo para efeitos colaterais considerados raros. A identificação precoce e o manejo adequado de complicações neurológicas podem contribuir significativamente para a qualidade de vida do paciente e para o sucesso geral do tratamento oncológico. A prednisolona, um corticoide, ajudou a reduzir a inflamação no túnel do carpo, aliviando a pressão sobre o nervo mediano e, consequentemente, os sintomas da síndrome.
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