Um estudo recente, publicado na revista Brain Sciences, investigou as manifestações do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em um modelo animal, com foco nas diferenças comportamentais entre machos e fêmeas. O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento complexo, caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos restritivos. A causa exata do autismo ainda é desconhecida, mas modelos animais, como o modelo de rato com ácido valproico (VPA), têm se mostrado promissores para a pesquisa.
A pesquisa utilizou ratas Sprague-Dawley grávidas, injetadas com VPA durante a gestação. A prole, tanto machos quanto fêmeas, foi submetida a uma série de testes comportamentais para avaliar sintomas associados ao autismo, incluindo testes de reconhecimento de objetos, equilíbrio, labirinto em Y, placa de buracos, interação social em três câmaras, enterramento de bolinhas, olfato, preferência por claro/escuro e sensibilidade ao calor. Os resultados revelaram que os ratos expostos ao VPA apresentaram comportamentos semelhantes à ansiedade, hiperatividade e dificuldades na comunicação não verbal. No entanto, não demonstraram comportamentos repetitivos ou deficiências cognitivas.
Um achado importante foi a diferença na manifestação dos sintomas entre os sexos. Ambos os grupos apresentaram hiperatividade, mas os machos demonstraram, adicionalmente, dificuldades de socialização e aumento da ansiedade, enquanto as fêmeas não apresentaram esses sintomas. Os resultados sugerem que a exposição pré-natal ao VPA induz comportamentos semelhantes ao autismo em ambos os sexos, mas que os machos parecem ser mais afetados. Este estudo reforça a importância de incluir ambos os sexos em estudos sobre autismo, pois os resultados podem ser influenciados pelo sexo do indivíduo observado, auxiliando no desenvolvimento de tratamentos mais direcionados e eficazes.
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