O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por desafios na interação social, interesses restritos e comportamentos repetitivos. Uma parcela significativa de indivíduos com TEA também apresenta dificuldades motoras, o que pode agravar o impacto da condição em sua qualidade de vida. Pesquisadores têm se dedicado a entender melhor a relação entre o TEA e essas dificuldades motoras, buscando identificar os mecanismos biológicos subjacentes.
Um estudo recente investigou o papel do gene Trio, conhecido por estar associado ao autismo, no desenvolvimento de problemas motores. Os cientistas focaram em células específicas do cerebelo, chamadas células de Purkinje, que são cruciais para a coordenação motora. Ao estudar camundongos com deficiência do gene Trio nessas células, observaram um atraso no desenvolvimento de habilidades motoras. Os camundongos mais jovens apresentavam principalmente dificuldades na atividade locomotora espontânea, enquanto os mais velhos mostravam problemas adicionais de coordenação e marcha. Essa progressão sugere que a ausência do gene Trio pode levar a um dano gradual no cerebelo ao longo do tempo.
Além das análises comportamentais, o estudo utilizou ressonância magnética (MRI) para examinar o cérebro dos camundongos. Os resultados revelaram alterações nos valores de ADC, um indicador de integridade tecidual, no cerebelo. Essa descoberta reforça a ideia de que a deficiência do gene Trio pode causar danos crônicos nessa região do cérebro, contribuindo para os problemas motores observados. Adicionalmente, análises genéticas mostraram que a falta do gene Trio altera a expressão de outros genes importantes para a função cerebelar. Em resumo, a pesquisa demonstra que a ausência do gene Trio nas células de Purkinje do cerebelo pode levar a déficits motores que se manifestam de forma tardia, acompanhados de alterações cerebrais e genéticas.
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