“
Apesar das transformações nos modelos familiares nas últimas décadas, famílias tradicionais, monogâmicas e heterossexuais permanecem predominantes. Um estudo recente analisou as formações discursivas sobre parentalidade em casais heterossexuais, entrevistando cinco deles. A pesquisa, utilizando a análise de discurso pecheutiana, buscou identificar como pais e mães descrevem suas experiências e papéis na criação dos filhos.
Os resultados apontaram diferentes formações discursivas para a parentalidade paterna e materna. Para os pais, predominaram discursos associados ao trabalho e à provisão financeira, com menor tempo dedicado aos filhos. Atribuiu-se a eles características como autoridade, assertividade e racionalidade na educação. Já para as mães, os discursos destacaram o prazer em ser mãe, a priorização dos cuidados domésticos, da educação e do desenvolvimento dos filhos, além dos sofrimentos e abnegações em prol da família. Essas diferenças refletem as distinções discursivas e ideológicas tradicionalmente atribuídas aos homens e mulheres, podendo ser replicadas na socialização dos filhos e perpetuar desigualdades de gênero.
“