“A Depressão nos DSM: Da Reação ao Transtorno, do Efeito à Causa”

Este artigo analisa a evolução da compreensão da depressão nas três primeiras edições do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Utilizando a análise de discurso francesa de Michel Pêcheux, o estudo investiga a apropriação da contradição entre sofrimento e patologia ao longo das diferentes versões do manual. A pesquisa destaca a mudança de perspectiva em relação à depressão: nas duas primeiras edições, ela era vista como um efeito, enquanto a terceira edição a conceitua como uma causa. Essa mudança de paradigma implica uma transformação na forma como o sofrimento e a patologia são considerados, passando de uma visão unificada para uma separação entre essas esferas.

A análise também aponta o mecanismo discursivo da antecipação como um elemento chave na compreensão do processo de apagamento do sujeito da enunciação pelo sujeito do enunciado nos manuais diagnósticos. Os autores exploram como a linguagem utilizada no DSM molda a percepção da depressão, influenciando a compreensão e o tratamento da doença. O estudo contribui para uma reflexão crítica sobre a construção social da depressão e sua evolução nos manuais diagnósticos, destacando a complexa relação entre a experiência subjetiva do sofrimento e a sua classificação como transtorno mental. A pesquisa evidencia a importância de uma análise cuidadosa do discurso médico na compreensão e no tratamento da depressão.

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